domingo, 12 de julho de 2009

Os Adolescentes e o Telemóvel*

Contribuição do colega Rui Fernandes

O telemóvel é, hoje em dia, algo que os adolescentes (e não só!) não largam nas suas actividades diárias levando-o, inclusivamente, no percurso diário para a escola, como (infelizmente) dentro da própria sala de aula. Eles sabem e dominam as teclas para enviar mensagens sem olharem o telemóvel, ficam completamente obcecados pela sua utilização sistemática. Com a evolução das tecnologias introduzidas nos telemóveis, cada vez mais sofisticadas, o telemóvel permite fazer, com uma mobilidade extraordinária, quase tudo o que se deseje em termos de comunicação.
Para os jovens o telemóvel representa um pedaço de si próprios, uma forma de poderem garantir aos outros que estão sempre presentes, em qualquer circunstância ou necessidade, é uma forma de fazer com que todos possam interagir em momentos diferentes e espaços distantes.
Mas é intrigante verificar, simultaneamente, a capacidade que os jovens têm para dominar rapidamente as técnicas de utilização e as funções do telemóvel, a capacidade de concentração e alheamento do meio envolvente que demonstram quando o utilizam e, por outro lado o relacionamento que mantêm com os outros. É estranho que façam tudo para comunicar com os amigos via telemóvel e que para isso ignorem qualquer comunicação com quem está a vinte centímetros de si.
Os jovens sentem o telemóvel como uma necessidade absoluta, pois confere-lhes o "dom" de poderem estar em muitos lados ao mesmo tempo com diferentes intervenientes. E preferem muitas vezes as mensagens ou os toques às chamadas de voz. Nas chamadas de voz "perde-se muito tempo" e, para além disso, "começa-se a falar de outras coisas" que só fazem "perder tempo e dinheiro". Mas, à semelhança de adultos que telefonam a dizer "daqui a cinco minutos estou aí", também os jovens enviam mensagens a perguntar coisas insignificantes só para contactarem sem mais nenhuma motivação ou interesse particular. Só para fazerem sentir que estão presentes. Pergunta-se se não será este um acto de isolamento ou solidão... Mas não se questiona a utilidade e importância do telemóvel, muito embora seja importante, como é referido no trabalho, que sejamos nós a controlá-lo e não ele a nós, sob pena da identidade construída ser telemóvel-dependente.

* Telefone Celular (no Brasil)

http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/forum/discuss.php?d=148860

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